A atividade religiosa indígena brasileira sofreu diversas mudanças nos últimos anos, principalmente na região nordeste. A diversidade cultural e a dita superioridade religiosa dos portugueses, bem como o preconceito do monoteísmo ao panteísmo indígena ocasionou vários conflitos entre esses povos desde o período colônial até o nossos dias, vale salientar que esses conflitos tiveram, realmente, seu início a medida que os portugueses resolveram escravizar os índios impondo além de trabalhos forçados sua linguagem e religião. Pois os índios, até então, eram considerados um povo amável, que desejavam o bem ao próximo e à natureza.
"Tão afáveis, tão pacíficos, são eles, (...) juro a Vossas Majestades que não há no mundo uma nação melhor. Amam a seus próximos como a si mesmo, e sua conversação é sempre suave e gentil, e acompanhada de sorrisos; embora seja verdade que andam nus, suas maneiras são decentes e elogiáveis" (COLOMBO, citado por BROWN, p.11, 2003)
Desde o período colonial os índios do nordeste do Brasil criaram uma resistência à mudança de sua religiosidade, foram torturados ou mortos pelos jesuítas, fato contrário ao que é ensinado nos livros de história. Vejamos esse depoimento:
“ cruéis e insolentes mortes acontecidas em vários Índios da dita Vila, e em suas mulheres,a cujos corpos, bárbara e inumanamente se lhes negou sepultura, pelos mesmos assassinadores, que os lançaram no rio denominado de São Francisco, para se não verem juncadas as suas margens de tantos corpos mortos”.
Este depoimento foi extraído do ant. 1800, agosto, 18] AHU_ACL_CU_ , Cx. , D. .REQUERIMENTO do juiz Ordinário de Cabrobó, João Teixeira de Andrade ao príncipe regente [D. João], pedindo ser indenizado pelas perdas e pelo tempo em que ficou preso por ter feito a devassa sobre o assassinato de vários índios na vila de Santa Maria.
Catequizar os índios foi uma tarefa difícil. De todos os que se embrenharam nesta tarefa os bandeirantes eram os mais cruéis e truculentos. Com todos esses acontecimentos, desde o período colonial até os dias de hoje é de esperar que tenha existido alguma influência do cristianismo, do candomblé ou da umbanda na religião indígena, mesmo com toda sua resistência. Fato que será objeto de estudo desta pesquisa. Por outro lado existem grupos que garantiram a manutenção de sua identidade religiosa e tentaremos explicar o porquê.
Existem, porém, índios que aderem a outras práticas religiosas e não abandonam totalmente sua cultura, sua tradição. Para entendermos todo esse processo, caminharemos pela história dos índios, seus cultos, ritos e mitos religiosos.
Um dos motivos pelos quais a identidade religiosa foi mantida foi a perpetuação da linguagem e da estrutura social. Os índios depositam na figura do pajé, um certo misticismo, acreditam que ele é uma ligação com o deuses (espíritos). Um sacerdote, um aconselhador, um médico, etc... O dito Xamanismo.
Foi num ritual de fé
Que um caboclo me levou
Na cabana de um pajé
Feiticeiro da Nação Kraô...
Seu olho faiscava quando voltou
Na mão trazia o toque de curador
Pegava brasa viva no fogaréu
E ao pôr numa ferida
Purgava mel...
Trecho do poema Pajé de Mario Gil e Paulo César Pinheiro.
Apesar de uma redução significativa na população indígena, os remanescentes lutam para manter suas tradições, sua fé, seu povo. Outros povos de outras crenças deveriam conhecer e respeitar o povo indígena que é primogênito desta terra chamada Brasil.
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