Antes de falarmos da religião indígena, é importante citarmos alguns fatos relacionados ao encontro desses povos indígenas com outros povos, os quais aconteceram em datas e períodos diferentes e tribos indígenas diferentes.
Através deste encontro surgiu a idéia de "selvagens" (indígenas), civilizados (europeus). Vejamos porquê: " A noção de civilização torunou-se a chave do conhecimento inaugurado pela filosofia que ficou conhecida pela filosofia das LUZES, introduzindo uma imagem dual da humanidade, dividido entre aqueles que viviam em estado de natureza e os que tinham alcançado o estado de cultura." (DOMINGUES, citado por irmã Rizzini; p.5315).
Observamos que houve uma covardia e falta de respeito por parte dos europeus em relação aos índios brasileiros, no que se refere a sua religião, terra, vida e a sua cultura.
Os europeus ao verem a primeira vez os índios foram despertados vários sentimentos: " De espanto, curiosidade, atração, repulsa, medo, cobiça e hostilidade, uma multiplicidade de olhares que os caradterizaria, no mais das vezes como gentes bárbaras, bestiais, malditas, sexualmente desenfreadas, sem verdade, sem lealdade, sem fé, sem lei ou rei, como pontuam." (MENDONÇA, p. 3, 2007).
Sabemos que é uma visão preconceituosa e etnocentrica dos portugueses para justificar sua dita superioridade.
O primeiro encontro dos portugueses com os índios foi pacífico e tranquilo, onde houve espanto por parte daqueles em ver que os índios não usavam roupas e seus armamentos eram rústicos, como arcos e flechas.
Este encontro inicialmente pacífico e com troca de presentes, já trazia enraizado o etnocentrismo e com o passar do tempo, tornava-se mais visível, o que levou a escravizção dos ínidios e a imposição de um idioma e uma religião, sem perceberem ou se importarem com a propria manifestação religiosa dos índios.
Após setenta anos deste encontro esta era a visão dos portugueses em relação os índios: " A língua deste gentio todo pela costa é uma: carece de três letras - não se acha nelas F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei, nem Rei e desta maneira vivem desordenadamente [...] não adoram coisa alguma, nem tem para si que há na outra vida glória para os bons, e pena para os maus, todos cuidam que se acaba nesta e que as almas fenecem com os corpos, e assim vivem bestialmente, sem ter conta, nem peso, nem medida[...] são muitos desonestos e dados à sensualidade e entregam-se aos vícios como se neles não houvera razão de humanos." (GANDAVO 1980, citado por MENDONÇA. p. 3, 2007)
A justificativa dos portugueses para a escravização, massacres e evangelização dos índios é que achavam que esse povo não possuíam vocabulário completo e por isso não acreditavam em Deus (Deus cristão), não tinham leis nem regras a seguir e por viverem na luxúria, diga conjunção carnal.
Estima-se que a populaçãoindígena na época do descobrimento era de aproximadamente mil povos no território brasileiro, sendo de dois a seis milhões de indigenas, hoje, tem-se apenas 277 povos sendo que sua população está em torno de trezentos mil índios, as causas disso são: desde agreção direta dos colonizadores, epidemias de doenças para as quais os índios não tinham proteção e nem acesso a cura.
Os indigenas que habitavam o Brasil por volta de 1500 sobreviviam da caça, da pesca e da agricultura de milho, amedoim, feijão, abóbora, batata doce e principalmente mandioca. Usavam técnica rudimentar, da coivara, que consiste na derrubada da mata e queimada para utilização da terra. Domesticavam animais de pequeno porte, como porco do mato e a capivara.