A pajelança é um ato-ritual de cura, levada á cabo por vários pajés. Nestas ocasiões eles se reúnem para fins curativos ou cuidar da realização de um feitiço que beneficie todas as comunidades participantes do evento.
A crença da pajelança é assentada na figura do encantamento, ou seja, é um culto á encantaria. Encantados são os seres invisíveis que habitam as florestas, o mundo subterrâneo e aquático, regiões conhecidas como "encantes". Os pajés servem de instrumentos para a ação dos encantados. Para tornar-se pajé, o indivíduo precisar ter um dom de nascença ou "de agrado" (adquirido).
Os pajés Kamayurá estabeleceram um sistema de saúde baseado na magia, transmitido oralmente e na utilização de plantas tradicionais.
O velho pajé Sapaim é o pajé mais conhecido dos kamaiyrás. Ficou famoso em 1986 por tratar do naturalista Augusto Ruschi. Hoje ele mora em Brasília e sua família é mantida pela FUNAI.
Kuarup
“Mavutsinim, desejava fazer com que os mortos voltassem à vida. Foi uma mulher, pintando-os e adornando-os com colares, penachos e braçadeiras de plumas. Cravou-os no centro da aldeia. Preparou então uma festa e distribuiu alimentos a todos os índios, para que esta não fosse interrompida. Pediu aos membros da tribo que cobrissem seus corpos com uma pintura que expressasse apenas alegria, pois aquela seria uma cerimônia em que, ao som do canto dos maracá-êp, os mortos iriam reviver: os Kuarups criariam vida.
No outro dia a festa continuava; os índios deveriam cantar e dançar, embora proibidos pelos pajés de olharem para os troncos. Aguardariam de olhos cerrados a grande transformação.
Naquela mesma noite, as toras começaram a mover-se, as penas mexiam-se como se estivessem sendo sacudidas pelo vento, tentando sair das covas onde foram colocadas. Ao amanhecer já eram metade humanos, modificando-se constantemente. Mavutsinim pediu então aos índios que se aproximassem dos Kuarups sem parar de festejar, cantando, rindo e dançando. Apenas os que haviam passado a noite com mulheres não poderiam se integrar à cerimônia, permanecendo afastados do local. Um destes, porém, com irresistível curiosidade, desobedeceu às ordens do pajé e aproximou-se, quebrando o encanto do ritual. E os Kuarups voltaram à sua forma original de troncos.
Contrariado, Mavutsinim declarou que, a partir daquele instante, os mortos não mais reviveriam no ritual do Kuarup! Haveria somente a festa. Ordenou que os troncos fossem retirados da terra e lançados ao fundo das águas, onde permaneceriam para sempre.”
O ritual do Kuarup é uma festa realizada para os mortos. Considerado um mito das origens, uma celebração dos ancestrais e um rito de ressurreição. É um dos mais importantes rituais de algumas tribos indígenas do Alto do Xingu, entre elas a tribo Kamayurás, a qual descreveremos aqui esse ritual. Essa cerimônia ocorre uma vez por ano, durante a estação da seca, entre os meses de julho e setembro. O nome do ritual se origina de um tipo de arvore cujos troncos representam os espíritos dos mortos.
A cerimônia de abertura do Kuarup, inicia-se vários meses antes, onde são realizadas pescarias durante vários dias, para prover alimentos para os grupos convidados. Quando os pescadores voltam, todo peixe é colocado no lugar onde o morto está enterrado, que geralmente é no centro da tribo. Na noite anterior ao retorno dos pescadores, os homens pintam a pele e o cabelo com um corante vermelho (urucum) e outro verde (jenipapo) que duram 10 dias, e tocam uma flauta “jukeú” (instrumento de quase dois metros de comprimento formado de tubos)., bebem mingau, cantam, fumam, e esperam durante toda a noite sem dormir. As mulheres não participam desta reunião.
Uma semana antes são cortados os troncos que irão representar os mortos, os quais ficam escondidos na mata até a véspera da cerimônia. Depois de preparados os troncos são colocados em seus lugares. As mulheres ficam nas malocas, até que os troncos sejam enfiados na terra, e só saem de lá quando os índios dão um grito. Elas trazem os adornos que pertenciam ao morto, e os parentes vão colocando esses adornos (plumas, colares, dentre outros), como se estivessem vivo.
Durante o Kuarup os índios contam, dançam. Depois da cerimônia os espíritos dos mortos estão livre para irem ao mundo dos mortos.
RITUAL DE INICIAÇÃO DO ALTO DO XINGU: A RECLUSÃO FEMININA KAMYURA.
Este ritual consiste no “aprisionamento” de jovens índias, que por volta do seu primeiro fluxo menstrual, são reclusas em uma parte da casa sem que possam sair. Este ritual prepara as moças para se transformarem em mulheres (mães e esposas).
Durante o aprisionamento, a jovem aprende artesanato, terce o fio de algodão e aprende a cozinhar com a mãe e outras mulheres da tribo. Essa reclusão dura em média um ano. Durante esse tempo não é permitido cortar a franja, e essa cobre-lhe o rosto, impedindo que outras pessoas, que não pertencem ao ciclo familiar da jovem lhe olhem diretamente nos olhos.
Concluído o tempo de reclusão, a jovem é apresentada a toda comunidade onde pode haver pretendentes e propostas de casamento.
A reclusão também mantém a jovem intocadas e é uma forma de controle de natalidade, e evita que tribos rivais roubem suas mulheres. O fim da reclusão ocorre durante a cerimônia do Kuarup, algumas chegando a se casar nesse mesmo dia.
O ritual masculino de iniciação não é obrigatório. Só aqueles jovens que desejam se tornar líderes do grupo ou grandes lutadores de Huka-huka. Por volta dos 14 anos de idade, os rapazes são isolados, recebem alimentação especial para limpeza espiritual e enrijecimento dos músculos. Recebem também ensinamento dos velhos lutadores e treinamentos preparando o jovem para ser um excelente lutador, na luta alto-xinguana. É o ritual de passagem dos jovens para a vida adulta. A luta ocorre durante a cerimônia do kuarup.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
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Discutir esse tema nos leva a pensar como não temos dado uma maior importância àqueles que foram os primeiros habitantes de nosso país.Creio que ainda há tempo de repensarmos a nossa política indígena e buscar resgatar o que deixamos de fazer para oferecermos uma melhor qualidade de vida para eles,procurando preservar a sua cultura. Parabéns, estiveram ótimos.
ResponderExcluirAntonio Alves
Bem interessante o que foi escrito. A religião indígena é bela pois revela um cuidado imenso com a natureza. Bonito também ver como o Shaman "manipula" a natureza para curar as pessoas. De fato, uma belíssima religião.
ResponderExcluirROGÉRIO VIEIRA
ResponderExcluirA religião indigena precisa sim, de um olhar mais respeitoso; toda contribuição e historiedade dada por eles tem sido despresada por todos nós, é tempo de rever-mos nossos valores, e passarmos a ativar nossa de memoria, e da o devido valor aos indigenas.
Parabens colegas!!
22 de junho de 2009
No Brasil, além da Tribo Kamayurás, a Funai registra a existência de 205 povos indígenas, onde a despeito de suas religiões é interessante ressaltar, que é comum entre eles, a crença nas forças da natureza e nos espírito dos antepassados, apesar de cada tribo ter rituais diferenciados. As crenças e os rituais indígenas são muito curiosos!
ResponderExcluir22 de Junho de 2009
ALEXANDRO ALVES
Bastante interessante a forma INDIGINA de compreender a natureza.
ResponderExcluirAcredito que esta maneira sem dúvida, foi usada como armas pelos colonizadores, que possuidores de tecnologia abusavam da inocencia dos índios.
ALAN DE ASSIS
NA MINHA OPNIÃO OS INDIOS SÃO OS BRASILEIROS NATOS,PORQUÊ COM A SUA CORAGEM TÊM LUTADO DESDE OS PRIMÓRDIOS,PELA PRESERVAÇÃO DE SUAS CRENÇAS DE SEU ESPAÇO, NÃO PERMITINDO SEM LUTAR QUE O HOMEM BRANCO COM SUA TORPE GANÂNCIA, ROUBEM AQULO QUE AO LONGO DOS SÉCULOS ELES TÊM PRESERVADO BRAVAMENTE: O SEU ESPAÇO A SUA CULTURA A SUA VIDA,QUE NOS SIRVA DE EXEMPLO ESSE POVO AGUERRIDO, CORAJOSO QUE É CAPAZ DE DAR A SUA PRÓPRIA VIDA POR AQUILO EM QUE ACREDITA.
ResponderExcluirREINALDO VAGNER DA SILVA
Poucos sabemos a respeito da cultura índigena por isso talvez se dê pouca importância as nações índijenas.Que cada um de nós passemos a nos sencibilizarmos com este povo,afinal eles também faz parte da nação brasileira,e a religião indígena também faz parte de sua cultura, que possamos enxergar os índios como nosso irmão.
ResponderExcluirHUMBERTO DE JESUS SANTANA
23 de junho de 2009 15:44
As postagens da equipe nos trazem informações valiosas, no entanto mesmo advertidos, não indicaram a bibliografia consultada, nem as que aparecem no texto. Há erros ortográficos. Solicito correção urgente.
ResponderExcluirJorge Nery
Ao ler o material da Matriz indígena, principalmente no assunto Kuarup, me reportei a minha adolescencia (se não me engano) assistindo a uma série sensacional da extinta rede Manchete sobre o Kuarup. Não a festa especificamente aos mortos, mas tudo sobre a nação indigena local. Achei uma fita na Video Hobby uma certa vez para aasistir e tentar entender a origem, os mitos, a cultura daquele povo. O que me chaa a atenção é o paralelismo existente entre o texto de Moisés que fala sobre ensinar a criança sua história quer andando, assentado, trabalhando e a cultura indíena que também ramifica este ideal para que a sua cultura não morra. Parabéns. JABIS REGO
ResponderExcluirSEM DUVIDAS UM RELIGIAO FANTASTICA O CONTATO DOS INDIOS COM A NATUREZA E O CUIDADO QUE ELES TEM COM A MESMA... FAZ DA RELIGIAO INDIGENA AINDA BELA
ResponderExcluirELIAS JUNIOR
O POVO INDIGENA É UM POVO QUE APESAR DE NÃO TER A CIÊNCIA TECNOLOGICA TEM UMA CIENCIA DE CULTURA MUITO INTERRESANTE,COM CURAS ALIMENTAÇÃO,RITOS E MITOS,DEVEMOS OLHAR COM UM NOVO OLHAR COM MUITO RESPEITO ESSES QUE INICIOU A NOSSA HISTORIA.
ResponderExcluir´JOSÉ EDUARDO G. DOS SANTOS-TEOLÓGO 1ºSEMESTRE
A equipe conseguiu desenvolver um trabalho especial sobre esse tema que muitos não dão um valor merecido, ou seja, os povos indígenas que por muitos esquecidos não nunca deixaram de lutar pelo seu espaço, e a pesar de sofrerem genocídio e todo tipo de preconceito e injurias, não deixaram nunca de lutar pelo seu espaço, e deve ser respeitado como parte da cada nação seja ela em qualquer lugar do mundo. Os mitos, os ritos e costumes de um povo que faz parte da nossa história, afinal de contas quando os colonizadores chegaram por aqui, eles já existiam.
ResponderExcluir"Se você veio me ajudar, pode voltar para sua casa. Mas, se você veio porque vê a minha luta como parte da sua luta, então, talvez nós possamos trabalhar juntas”
Uma aborígene africana dirigindo-se a uma antropóloga. Celestino L.S. Júnior